Presidente da Câmara Brasil-Israel afirma que a crise diplomática entre os dois países não interrompeu a troca de tecnologia
Por Eugenio Gousssinsky
As relações comerciais entre Brasil e Israel, apesar da crise diplomática em função da guerra em Gaza, continuam em alta. Principalmente na área de tecnologia, conforme afirmou ao portal E21, Renato Ochman, presidente da Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria (BRIL Chamber).
“Existem negócios que dependem da política e negócios que não dependem dela”, afirmou o dirigente. “No caso das relações entre Brasil e Israel, não é diferente, mas especificamente sobre empresas de tecnologia e startups, esses negócios passam à margem dos problemas políticos. São negócios internacionais, tecnologias que podem ser utilizadas no mundo inteiro.”
Ochman afirma que o Brasil desenvolve negócios para os mercados interno e internacional e as tecnologias desenvolvidas por Israel podem ser utilizadas em ambos. Das mazelas da guerra, um ponto pode ser considerado benéfico. A queda do valor nominal das empresas acaba, segundo ele, sendo um atrativo ainda maior. Que, até agora, tem compensado perdas.
“Os investimentos em empresas de tecnologia não pararam; eles continuam, inclusive, com algumas oportunidades bem melhores de investimentos em Israel, porque, com a guerra, o valuation, ou seja, a avaliação das empresas, reduziu um pouco o seu preço, proporcionando uma grande oportunidade.”
As negociações entre Brasil e Israel têm ocorrido principalmente nas áreas de segurança, tecnologia de segurança, tecnologia na área agro e na área de medicina e saúde, setores em que Israel está muito desenvolvido.
“Podemos afirmar categoricamente que todos esses setores e empresários estão muito distanciados de envolvimentos políticos, pois, além de precisarem e terem muita conexão com as tecnologias criadas por Israel, utilizam essas tecnologias nas empresas dos setores mencionados, como agro e fintech.”
Transparência nas negociações
Movimentos como o Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que preconiza o boicote a Israel, e manifestações antissionistas, com viés antissemitas, estão fora do radar da maioria dos empresários brasileiros que têm parceria com startups israelenses, garante Ochman.
“A ideologia hoje não se identifica pelo aspecto político ou religioso”, afirma o presidente da BRIL Chamber. “A ideologia hoje se resume em negócios feitos com clareza, transparência, proteção ao meio ambiente e com o objetivo de sempre preservar as relações bilaterais. Não há mais espaço no mundo para que a ideologia religiosa ou política atrapalhe ou interfira nos negócios.”
Um dos exemplos de que a parceria continua foi a vinda do CEO da NANO-Z, Ofer Levy, 12ª edição da M&T Expo, no final de abril último, em São Paulo. Trata-se da maior feira de máquinas e equipamentos para construção e mineração da América Latina. A empresa israelense expôs 10 de seus itens com tecnologia de ponta, ainda inédita no Brasil.
Entre os produtos apresentados estava o Ecoplatform, uma manta biodegradável , feita a partir de fibra de coco. É um revestimento de solo, ecológico. O material foi desenvolvido para conter particulados (poeira) gerados pelo tráfego de veículos em pistas não pavimentadas e que prejudicam a atividade das empresas de mineração.