Ciência e Tecnologia
Como a energia renovável pode ajudar Israel a evitar a morte de civis
Soluções sustentáveis facilitam as ações do Exército e devem ser utilizadas com urgência para impedir a morte de civis que nada têm a ver com as ações terroristas, principalmente na Faixa de Gaza
Eugenio Goussinsky
A guerra tem gerado uma demanda de energia emocional em Israel. Embora o uso de energias renováveis no contexto militar de Israel não seja um fator isolado capaz de terminar ou evitar conflitos, ele pode representar uma melhoria na proteção da vida humana. Trata-se de um processo urgente para impedir a morte de civis que nada têm a ver com as ações terroristas, principalmente na Faixa de Gaza.
Além disso, no dia a dia do país, a carga de energia renovável desempenha um papel vital em três principais áreas: econômica, energética e militar. Confira como Israel tem utilizado tal inovação e de que maneira este tipo de energia pode preservar a população civil israelense e das regiões atacadas pelas Forças de Defesa de Israel (FDI).
Contatadas pelo Portal E21, as FDI preferiram não se pronunciar sobre o tema.
Ponto de vista econômico
A energia renovável ajuda Israel a reduzir custos com combustíveis fósseis. Segundo pesquisa encomendada pela organização sem fins lucrativos Oil Change International e divulgada pelo jornal The Guardian, Israel tem recebido fornecimento de combustível fóssil do Azerbaijão, Cazaquistão, Rússia, Brasil, Gabão e EUA.
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Em 2023, no entanto, o país produziu cerca de 20% de sua eletricidade a partir de fontes renováveis, o que diminui a vulnerabilidade a flutuações de preços do petróleo.
Com grande potencial solar, Israel tem uma capacidade instalada de mais de 3 GW de energia solar, suficiente para cobrir até 70% das necessidades energéticas no verão, principalmente em situações de guerra.
Israel planeja aumentar essa capacidade para 30% de sua energia total em 2024.
“Em se tratando de energia distribuída renovável, você tem menos dependência de petróleo, de distribuição de combustíveis e se previne mais de ameaças”, afirma ao Portal E21 o especialista em Tecnologia e Inovação, Arthur Igreja.
“Imagine se toda a geração viesse por exemplo de uma hidrelétrica que pode ser facilmente atacada.”
Ponto de vista militar
A energia renovável proporciona uma vantagem estratégica nas operações militares. Sistemas de energia solar são instalados em bases militares. Garantem, assim, eletricidade em áreas onde as linhas de suprimento são vulneráveis.
A integração de painéis solares em veículos militares é uma tendência crescente, permitindo que eles operem de forma autônoma em campos de batalha.
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Existem ainda armamentos com propriedades para utilizar a energia renovável como fonte de energia, de acordo com a mídia israelense. Um exemplo é o sistema de mísseis Iron Dome, cuja a infraestrutura de apoio, como bases militares e centros de comando, pode fazer uso desta tecnologia ambiental.
Israel tem demonstrado interesse em utilizar painéis solares e outras fontes sustentáveis para energizar suas bases e centros de comando.
Proteção de vidas
O uso de energias renováveis pelo Exército de Israel pode desempenhar um papel crucial na proteção de vidas, tanto de civis israelenses quanto de forças inimigas, em cenários de guerra.
A própria redução da dependência de combustíveis fósseis é um fator. Em ambientes de combate, as infraestruturas de energia convencionais – como usinas de energia elétrica e redes de distribuição baseadas em combustíveis fósseis – são alvos estratégicos.
A destruição dessas infraestruturas pode causar apagões prolongados e interrupções no fornecimento de energia, o que coloca em risco a vida de civis, militares e dificulta a resposta a emergências.
“A energia renovável na guerra traz mais independência, mais capilaridade e mais robustez, já que fica mais difícil atacar isso ou tirar do ar algum alvo ou dispositivo”, destaca Igreja. “A infraestrutura fica mais descentralizada quando necessário.”
Ao utilizar fontes de energia renovável, como painéis solares ou turbinas eólicas, o Exército de Israel pode diminuir a vulnerabilidade a ataques a infraestruturas energéticas. Em áreas militares, como bases ou postos de observação, sistemas de energia solar podem garantir uma fonte constante e independente de eletricidade, mesmo em situações de guerra, quando as linhas de fornecimento de energia são interrompidas.
Isso pode ser crucial para manter a comunicação, os sistemas de defesa, os hospitais de campanha e outras operações vitais funcionando.
Maior chance de proteger civis
O uso de fontes renováveis, como a energia solar, também é capaz de melhorar a logística das operações militares. Em vez de depender de transporte de combustível para as bases, que pode ser interrompido ou atacado durante a guerra, o Exército busca utilizar a energia solar para alimentar alguns equipamentos e veículos elétricos.
Esta conduta economiza recursos e reduz a necessidade de convoys (comboios) de abastecimento, que são vulneráveis a ataques. Convoys são grupo de veículos ou embarcações que viajam juntos, por questões de segurança.
Além disso, a energia renovável pode ser usada para carregar drones e sistemas de monitoramento de longo alcance. Isso é fundamental para a vigilância e a prevenção de ataques surpresa, melhorando a capacidade de resposta do Exército e ajudando a evitar baixas tanto entre civis quanto entre militares.
Conflitos por recursos energéticos
Pouco se fala a respeito, mas, no conflito em Gaza, o interesse por reservas de gás natural não pode ser descartado. A dependência de petróleo e gás natural se torna um fator de tensão em muitas regiões, incluindo o Oriente Médio.
Tanto Gaza quanto a Cisjordânia utilizam deste combustível e buscam exportá-lo para aumentar as receitas.
Israel tem se deparado com a necessidade de garantir sua energia e a água, o que tem gerado pontos de conflito em relação a esses recursos. O país também acusa grupos terroristas de se utilizarem do combustível para realizar suas ações contra a população israelense.
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Ao adotar energias renováveis, Israel ganha capacidade de reduzir sua dependência desses recursos e minimizar as disputas sobre o controle de fontes de energia. Isso tende a diminuir o risco de escaladas violentas que costumam resultar em perdas de vidas humanas, uma vez que os recursos naturais, muitas vezes, são alvos de disputas geopolíticas intensas.
Além disso, a presença de instalações de energia renovável no território israelense em geral é menos provocativa em relação aos adversários, pois não envolve o controle direto de recursos como petróleo e gás, tornando a região menos vulnerável a ataques militares que visem ao controle destes recursos estratégicos.
Capacidade de reabastecimento e resiliência em áreas essenciais
Em regiões de conflito, especialmente em áreas onde a infraestrutura elétrica é danificada ou destruída, as energias renováveis oferecem uma solução de resiliência. O uso de painéis solares, por exemplo, garante uma fonte de energia local, especialmente em áreas de difícil acesso ou em zonas de combate.
Isso pode salvar vidas ao garantir que unidades de saúde, centros de evacuação e abrigos de emergência continuem a operar de maneira eficaz, mesmo quando as infraestruturas tradicionais de energia forem comprometidas.
Tecnologia de Defesa e monitoramento ambiental
Além de fornecer energia para as Forças Armadas, as tecnologias de energias renováveis também são planejadas para integrar sistemas de defesa, como sensores solares para detectores de movimento, vigilância e comunicação.
Com isso, a capacidade de detectar ameaças antes que elas se concretizem fica maior, o que permite ações preventivas que tendem a salvar vidas.
A automação baseada em energia solar também pode ser aplicada a sistemas de drones, usados para missões de reconhecimento, o que fornece informações cruciais para prevenir emboscadas e ataques surpresa.
Por fim, ao usar energias renováveis, Israel pode contribuir para a redução da poluição no ambiente de guerra, especialmente em áreas civis. Bombas, mísseis e outros dispositivos de guerra frequentemente causam destruição ambiental, o que tem impacto direto na saúde da população e prolonga o sofrimento por anos, depois do fim dos combates.
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