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Ciência e Tecnologia

Como as startups e Israel estão presentes no dia a dia das pessoas

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Missão da Câmara Brasil Israel de Comércio apresentará possibilidades de parceria com empreendedores brasileiros

 

Atualmente, a rotina de qualquer pessoa já amanhece ligada a alguma startup. E ela se mantém presente durante o dia inteiro: quando se liga o alarme de casa, na chamada de um uber, no reconhecimento facial para entrar na empresa, no uso da carteira de identidade digital ou ao ultrapassar a catraca eletrônica do metrô, por exemplo.

Muitas vezes essa startup vem de muito longe. Sua mensagem ultrapassa fronteiras para ser aplicada nos mais distantes locais. Os países hoje estão conectados por essa malha invisível baseada no tamanho da inteligência e pesquisa. Não precisa ter grandes dimensões territoriais para alcançar todos os lugares do mundo.

É o caso de Israel, um pequeno país no Oriente Médio, com 9,2 milhões de habitantes, que, por ser o 1º no ranking de startups per capita, certamente é um dos que mais fazem parte do dia a dia de cada um. Startup é sinônimo de inovação, por ser uma empresa embrionária, com o objetivo de transformar em produto uma ideia.

“Todas as grandes empresas de tecnologia estão migrando para Israel”, afirma o presidente da Bril Chamber – Câmara Brasil Israel de Comércio e Indústria, Renato Ochman.

Ele explica que um dos principais modelos de desenvolvimento de novas tecnologias do país, proporcionalmente o que mais investe em Ciência e Tecnologia (4,2% do PIB), é a integração das empresas, que desenvolvem startups, com as universidades, o que tem impulsionado muitas descobertas.

“As empresas de porte, como Google, Apple, estão em Israel, têm filiais, centros de pesquisa e acordo de cooperação com universidades locais. Com isso eles desenvolvem os chamados tailor made (direcionados para uma necessidade específica), incentivados pelas pesquisas acadêmicas”, afirma.

A Apple, por exemplo, anunciou, no final de julho último, a criação de um centro de desenvolvimento de processadores em Jerusalém. A nova instalação irá produzir chips para Macs (tipo de computador da empresa) e é mais um passo na expansão da estrutura da empresa no país. A empresa mantém cerca de 2 mil funcionários em Israel.

Muitos investimentos costumam gerar retorno financeiro, trazendo esse aspecto comercial para a gestão da universidade.

“Então as empresas montam subsidiárias comerciais, testam os novos produtos e criam a patente. O cientista da universidade, que comandou o projeto técnico, passa a ter participação nesta propriedade intelectual. As receitas vão em grande parte para a univeridade, que reinveste em sua infraestrutura”, afirma.

Missão em setembro

Entre as principais universidades envolvidas no desenvolvimento de startups estão a Universidade Hebraica de Jerusalém, a Universidade de Tel Aviv e o Technion, instituto de tecnologia especializado em Engenharia, ciências exatas e também em soluções na área de agronomia.

Ochman lembra que metade dos CEOs de empresas que negociam ações na Nasdaq tem origem no Technion, localizado em Haifa e fundado em 1912, antes da criação do Estado de Israel, em 1948.

Por meio do programa governamental Yozma, o país dá incentivos fiscais a investimento estrangeiro em capitais de risco.

Ochman diz que, nas atividades da Bril Chamber, tudo orbita em torno da tecnologia. Na busca de aumentar o intercâmbio entre Brasil e Israel, a entidade está organizando a edição da “Imersão em Inovação e Tecnologia – Israel 2022”, a 12ª nesta linha a levar empreendedores para conhecerem a infraestrutura das startups de Israel.

Entre os próximos 18 e 24 de setembro, a missão, que se mantém aberta a inscrições, irá levar um grupo de 40 participantes formado por acionistas, conselheiros e CEOs de startups, para conhecerem projetos recentes em Israel, que não fizeram parte das últimas missões.

“Nossa ideia é levar cada vez mais brasileiros para conhecerem e instalarem suas empresas lá. Israel tem essa capacidade de servir como uma ponte de tecnologia no suporte a outros países. Só a simbologia de estar lá valoriza a empresa e abre uma porta para novas pesquisas e investimentos”, observa.

Logo no início da programação, o Peres Center for Peace & Innovation, fundado em 1996 pelo falecido presidente de Israel, Shimon Peres, apresentará projetos direcionados para facilitar a convivência entre todos os cidadãos do país e dar instrumentos para a paz duradoura entre Israel e os seus vizinhos.

Entre as 24 startups incluídas no programa, serão apresentadas inovações como a da DouxMatok, que desenvolveu uma tecnologia, por meio sensorial, direcionada a melhorar a percepção de doçura ou salinidade dos alimentos, o que possibilita a redução de sal e açúcar dos produtos.

Outra tecnologia a ser mostrada é a da Juganu, que criou a JLED, solução de iluminação inteligente, com dispositivos sem fio e um comando centralizado, o que, entre outros, aumenta a eficiência energética e reduz gastos.

O Terra Venture Partners, fundo israelense que investe e incuba novas empresas de tecnologia de impacto, também estará presente, mostrando os requisitos e as necessidades que o levam a investir em startups, desde pesquisas embrionárias até produtos já desenvolvidos.

O fundo concentra-se em investimentos de impacto nas áreas de eficiência e sustentabilidade, digitalização, cidades inteligentes, saúde, bem-estar, internet das coisas e big data. Na fase embrionária, o valor em geral do investimento varia de US$ 600 mil a US$ 1 milhão.

Acesso aos países mais pobres

A possibilidade de conhecer novos projetos decorre da alta rotatividade em Israel. A cada ano, surgem 1,4 mil startups no país. São 1,2 mil escritórios de empresas de high tech, dentre os quais cerca de 300 são centros de P&D (pesquisa e desenvolvimento) de empresas como as já citadas Google e Apple, além de outras como IBM, Intel, eBay, Microsoft, Amazon e AOL.

Nos últimos anos, conforme afirma Ochman, as pesquisas se direcionaram para algumas áreas estratégicas, como a de foodtech (tecnologia em alimentos, também ligada à agricultura), fintech (que desenvolvem produtos financeiros digitais), healthtech (tecnologia para a área de saúde) e cibersegurança.


Espaço de startup na Universidade de Jerusalém

Ele ressalta que não há uma área específica em que as startups tenham se desenvolvido mais. No entanto, alguns setores mereceram destaque nos últimos tempos, muito em função da pandemia.

“Existem algumas diferenças em termos de perspectivas dos produtos das startups. Há os que são desenvolvidos em longo prazo, como os de foodtech, e os que são desenvolvidos em curto prazo, devido a questões urgentes, como a vacina e soluções para a covid-19”, diz.

As pesquisas, conforme, ele diz, acabam se adequando às necessidades de cada época.

“Hoje o mundo percebeu uma vulnerabilidade e uma necessidade de saber lidar com emergências sanitárias, como se viu na covid-19. Muitas empresas já tinham pesquisas que se adaptaram às necessidades. No caso da cibersegurança, também há uma urgência, mas, com a inteligência artificial, estão se encontrando soluções rápidas”, observa.

Ochman ressalta que as pesquisas desenvolvidas por startups não ficam restritas apenas às classes sociais mais altas. Também populações de países e regiões menos desenvolvidos podem se beneficiar com as novas descobertas.

“Claro que o acesso também depende de cada governo, mas, de uma maneira geral, as startups trazem muitos elementos facilitadores na área de saúde, que beneficiam a população como um todo de países da África, do Oriente Médio e regiões com problemas sociais”.

O dirigente considera, ainda, que o acesso das pessoas às oportunidades é mais um ganho obtido com as startups.

“Além dessa questão fundamental, ligada à medicina, a tecnologia vai ajudar muito na mobilidade urbana, com aplicativos, informações instantâneas. A mobilidade urbana é estratégica para facilitar o acesso a vários locais e, com isso, aos serviços, aos empregos, aumentando as oportunidades de inclusão social. Home office, afinal, hoje, é para quem pode”, completa. (Eugenio Goussinsky)

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