Ciência e Tecnologia
Conhecimento e tecnologia são a base do progresso sustentável

Pesquisadora do Instituto Weizmann explica ao Portal E21 como integrar inovação e sustentabilidade ao desenvolvimento, sem ideologias
Eugenio Goussinsky
Sustentabilidade virou um termo muito associado à ideologia. Sua essência, no entanto, não tem o objetivo de dividir o mundo: ou o progresso se baseia em construções com cimento em grandes quantidades, madeira não certificada e muitas vendas posteriores, ou as populações deveriam voltar a viver em ambientes naturais, como caçadores-coletores ou pequenas tribos.
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Sustentabilidade tem a ver com evoluir, crescer, progredir. Em entrevista ao Portal E21, a professora Einat Segev, do Instituto Weizmann, de Israel, apresentou os métodos utilizados pelo instituto, entre outros centros de pesquisa pelo mundo, para conciliar o desenvolvimento com a preservação do meio ambiente.
O modelo se baseia na aliança entre o conhecimento e a tecnologia, que hoje dispõe de recursos para evitar que as próprias descobertas tecnológicas sejam prejudiciais. Einat é professora associada e pesquisadora no Weizmann, onde lidera um grupo de pesquisa focado em microbiologia marinha e biogeoquímica.
“É na convergência entre o poder do progresso científico e a urgência das questões ambientais que reside a chave para um futuro mais sustentável.”
Neste sentido, as várias áreas precisam estar entrelaçadas. Com isso, há uma total relação entre a instalação de sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), inclusive para a monocultura de soja (imaginem!), a produção de roupas sustentáveis, usando materiais reciclados e promovendo a economia circular e a energia renovável na indústria.
“O que agora entendemos claramente, quando se trata de questões de sustentabilidade, é que as perguntas que precisamos responder são inerentemente muito interdisciplinares”, ressalta a pesquisadora. “Você não pode ser apenas um químico para lidar com a complexidade da sustentabilidade.”
É aí que, conforme afirma Einat Segev, entra a importância da evolução tecnológica, com a inteligência artificial na saúde, energias renováveis, veículos autônomos e nanotecnologia, entre outros.
“Você não pode ser apenas um biólogo com uma visão limitada”, prossegue Einat Segev. “Você não pode ser apenas um geólogo focado em processos isolados. Você precisa de toda essa experiência combinada, de diferentes campos do conhecimento, trabalhando juntos para entender o quadro completo.”
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Não existe, neste sentido, um verdadeiro avanço da ciência sem que o objetivo seja melhorar, e não piorar, as condições do planeta.
“Com o grande avanço científico de agora, podemos gerar uma quantidade enorme de dados de diversas fontes e analisá-los de maneiras sofisticadas para identificar correlações complexas e descobrir padrões que não éramos capazes de perceber antes.”
Todos esses mecanismos desenvolvem recursos para que a sociedade se fortaleça, inclusive, com mais recursos financeiros, dentro de um capitalismo inteligente. Claro que a sustentabilidade é feita por cada um de nós, no dia a dia, mas com estudos feitos por especialistas, verdadeiros orientadores sobre as práticas mais eficientes.
“Agora, essa vasta quantidade de dados, especialmente nas ciências ambientais, não é algo que um único estudante, mesmo um estudante de doutorado muito brilhante, possa processar e interpretar sozinho, certo?”
Sustentabilidade e computação
A sustentabilidade, desta maneira, vai resultando de um aprofundamento cada vez maior, em um ciclo de descobertas que será o alicerce do ciclo da vida. Bites e até computadores quânticos serão instrumentos fundamentais.
“Você precisa de um poder computacional significativo para lidar com essa escala de informação”, prossegue a especialista. “E então, nestes tempos, com os rápidos avanços em ciências da computação e os progressos notáveis em inteligência artificial, a habilidade de treinar algoritmos complexos.”
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Nesta cadeia cada vez mais as complexas descobertas servirão para que a vida se torne mais simples e com mais qualidade. Einat Segev, então, conclui, se é que esse processo um dia terá um fim.
“Para analisar e identificar padrões e tendências sutis em grandes conjuntos de dados ambientais, isso realmente transforma a maneira como fazemos ciência ambiental e como podemos encontrar soluções para os desafios da sustentabilidade.”
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