Colunistas
Fernando Diniz é o técnico que mais lembra Telê e por isso faz tanto sucesso
Atuação do Flu contra o River mostrou que o técnico do time carioca tem uma filosofia de jogo e de estimular jogadores semelhante à do Velho Mestre
Por Eugenio Goussinsky
Fernando Diniz já disse que a Copa do Mundo de 1982 foi um dos marcos de sua infância. Ele tinha 8 anos e toda aquela movimentação dos jogadores, que se confundia com a movimentação de todo o País, em busca da redemocratização, alimentou sua paixão pelo futebol. (Foto: site do Fluminense)
Tornou-se jogador 11 anos depois e se destacou mais pela utilidade tática do que pelos recursos técnicos como meia-atacante. Em campo, no entanto, pareceu assimilar informações que foram importantes para, anos depois, como treinador, tentar implantar equipes versáteis e ao mesmo tempo técnicas.
E, desde que iniciou na carreira de técnico, em 2009, algo daquele time de 1982, e do próprio estilo de Telê Santana, já havia sido incorporado à sua visão de mundo e de jogo.
Até que, evoluindo e se aprimorando em cada trabalho neste período, mesmo sem obter os resultados esperados pelos torcedores, chegou à temporada de 2023 com suas convicções amadurecidas. A final do estadual contra o Flamengo, vencida pelo Fluminense por 4 a 1 já havia sido uma prévia.
Mas, no jogo contra o River Plate, no qual o Flu goleou por 5 a 1, ouso dizer que a equipe de Diniz realizou a atuação mais próxima da de uma equipe de Telê desde que o Velho Mestre, morto em 2006, encerrou a carreira, dez anos antes.
Desde que iniciou como técnico nos juvenis do Fluminense, em 1968, Telê era um artista na montagem das equipes. E, inspirado pelo ar ameno das Laranjeiras, tinha uma capacidade inata de entender o jogador e fazê-lo render seu máximo.
Diniz tem essa qualidade. Seu esquema é, até agora no Brasil, o que mais se assemelhou ao de Telê Santana. Além de também montar equipes fluentes, com trocas de posições constantes e busca permanente do gol.
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Na seleção, Telê movimentava mais o meio-campo, com constantes trocas entre Sócrates, Zico, Cerezo e Falcão, cada um fazendo as vezes de volante, meia, ponta e atacante.
O Fluminense de Diniz, dentro de condições próprias e levando-se em conta o ritmo muito mais frenético atualmente, tem características muito semelhantes. Ganso funciona como um meia, mas às vezes está na lateral para trocar passes e abrir espaços.
Marcelo se reveza com Alexander na lateral-esquerda. André é um volante clássico que inicia jogadas, de forma similar a Falcão.
Depois de ser derrotado em duas Copas, apesar dos esquemas criativos, Telê, no São Paulo, optou por manter seu ímpeto ofensivo mas se resguardando sempre com um volante marcador. Deu certo. Sem contar que os marcadores também sabiam passar, exigência tão presente no Flu de Diniz.
Em várias épocas, modelos se originaram e se reinventaram, em prol de um futebol criativo e fluente. Foi assim com as diagonais de Flávio Costa, a marcação por zona de Zezé Moreira, o falso centroavante Hidegkuti implantado na Hungria de 1954. Depois veio a seleção brasileira de 1958, inspirada no esquema móvel de Bela Guttmann, húngaro que treinou o São Paulo em 1957.
Seguiram-se a seleção brasileira de 1970, com trocas de posições entre Jairzinho, Tostão, Pelé, Rivellino, Gérson em Clodoaldo. A Holanda de 1974, a própria seleção de Telê, os triângulos de Arrigo Sacchi no Milan e a genialidade de Guardiola ao armar uma equipe em que meias, alas e atacantes muitas vezes se misturam.
Os esquemas de Fernando Diniz têm algo neste sentido. O Fluminense tem tudo para fazer história. Era justamente o time de coração de Telê. Agora, Diniz dá continuidade. A atmosfera aprazível das Laranjeiras pode ser muito inspiradora. Para quem gosta de natureza e de um futebol natural.
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