Ciência e Tecnologia
Inovação para a paz: evento mostra como startups resistiram depois de 7 de outubro
Diretor executivo da Techstars Tel-Aviv, Guy Israeli, conta detalhes sobre o processo de recuperação e o sistema adotado para dar suporte às companhias em Israel
Eugenio Goussinsky
No evento Inovação para a Paz, realizado no domingo 2, em São Paulo, Guy Israeli, diretor executivo da Techstars Tel-Aviv, relatou o processo de luto e de recuperação do setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) em Israel, depois dos ataques terroristas do dia 7 de outubro.
O Inovação para a Paz foi realizado pela Associação dos Amigos Brasileiros da Universidade Hebraica de Jerusalém. Durante sua apresentação, Israeli contou que todo o setor de tecnologia sentiu o impacto emocional da trágica agressão do grupo terrorista Hamas ao país, em que cerca de 1,2 mil pessoas foram mortas e outras 252, sequestradas.
“Como comunidade, como fundadores, nós sofremos uma grande perda e trabalhamos juntos para reconstruir e criar um melhor futuro”, afirmou Israeli ao portal E21. “E é isso que nós diretores e as startups em geral estão fazendo agora em Israel.”
Na primeira semana, aqueles que fazem parte das cerca de 6 mil startups israelenses passaram os dias processando o choque e permanecendo perto das famílias. Na segunda, se iniciou outra etapa, na qual eles começaram a dar apoio às diferentes comunidades do país, de acordo com as necessidades.
Na terceira semana, já foi possível novamente se voltar para o setor, quando foram avaliados impactos e começaram a ser realocados os recursos. E a partir da quarta semana, a busca de seguir em frente voltou a prevalecer. O meio passou a explorar novas oportunidades.
Israel tem por característica se unir sempre que o país é atacado, desde sua fundação em 1948. Nos ataques do grupo terrorista Hamas, o passado, o presente e o futuro do país voltaram a se integrar.
Membros de kibutzim, outrora uma grande força produtiva, acadêmicos, filiados a partidos tradicionais, integrantes de agremiações de esquerda e os inovadores representantes do setor de alta tecnologia se juntaram no mesmo front.
Dinâmicas, empreendedoras e avançadas, as startups também se envolveram, e foram envolvidas na guerra. De acordo com a Autoridade de Inovação de Israel (IIA, em inglês) o setor representa 15% da força de trabalho do país.
E cerca de 15% de seus trabalhadores, incluindo CEOs, foram convocados para lutar por Israel, entre oficiais na ativa e reservistas. Mais do que a frieza necessária para certas pesquisas, prevaleceu neste momento o sentimento de dor compartilhado pela nação judaica.
Os investimentos em startups caíram entre 2022 e 2023, antes de 7 de outubro. Com o ataque do Hamas, em vez de afundarem, as companhias iniciaram um forte processo de recuperação. Este, segundo Israeli, é o caráter disruptivo e resiliente que deu impulso ao setor no país e que retorna com força neste momento.
Auxílio do governo e de empresas privadas
O empreendedor conta que empresas como a dele direcionaram todos os esforços para criar estruturas que impedissem os criadores de startups de sucumbirem.
O governo também criou um fundo de auxílio ao setor. Segundo o governo de Israel, esta área de P&D representa 17,4%, em média, do Produto Interno Bruto (PIB) israelense nos últimos anos.
“Foi algo vindo do governo e da Autoridade de Inovação de Israel (IIA)”, afirmou Israeli. “Eles dedicaram milhões de dólares como resgate para as startups.”
A SAFEDOM VC, uma iniciativa privada de fundadores de statups em Israel, também entrou no clima solidário.
“Eles diziam que precisavam ajudar”, disse Israeli, que também ofereceu ajuda: “Você não precisa provar que você tem uma boa inovação”, contou ele, sobre o que era dito aos criadores de startups.
“Você precisa provar para mim que o seu negócio está com problemas por causa do que aconteceu agora, e que agora é a hora de recuperar. Então você vai receber de nós as verbas. Esse apoio salvou muitas startups em Israel”, completa Israeli.
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