Ciência e Tecnologia
Financiamentos e aquisições ajudam a revitalizar startups em Israel
Setor reage à crise que se instalou em 2023 e que quase o levou à ruína depois de 7 de outubro, conforme conta empreendedor no evento Inovação para a Paz, em São Paulo
Eugenio Goussinsky
Os ataques do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro fizeram a economia de Israel encolher mais de 20% nos últimos três meses de 2023, de acordo com o Escritório Central de Estatísticas do país. Já em 2024, a economia israelense iniciou uma recuperação que atingiu 14% de crescimento entre janeiro e maio.
O setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), que representa perto de 20% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o relatório O Estado do Setor de Alta Tecnologia em Israel 2024 (17,4% em média, de acordo com o governo), foi um dos líderes nesta recuperação. Depois de um período de diminuição de investimentos, entre 2022 e 2023, o setor temia por uma estagnação.
Leia mais: Inovação para a paz: evento mostra como startups resistiram depois de 7 de outubro
Os investimentos em startups israelenses, segundo o relatório, haviam caído 55% em 2023, em comparação com 2022, de acordo com um relatório da Autoridade de Inovação de Israel (IIA).
Mas voltaram a ganhar fôlego, como se o 7 de outubro fosse um choque de realidade na necessidade de Israel manter seus projetos de expansão tecnológica, cada vez mais necessária como uma forma de inserção diplomática.
“Esse foi o dia mais escuro da minha vida”, disse Guy Israeli, diretor executivo da Techstars Tel-Aviv, que passou a investir em startups promissoras em mercados emergentes e desenvolvidos. O empreendedor deu a declaração no dia 2 de junho, no evento Inovação para a Paz, realizado no teatro B32, em São Paulo, e organizado pelos Amigos Brasileiros da Universidade Hebraica de Jerusalém.
“Nós perdemos pessoas boas, inocentes. E desde aquele dia, houve uma guerra horrível. Agora, eu quero abordar isso do ponto de vista de um empreendedor, porque você tem uma iniciativa, e em um dia, de repente, o mundo todo está mudando para você.”
Israeli foi um dos que participaram do projeto de recuperação direcionado às startups. Desde o início da guerra, foram pelo menos 220 as rodadas de investimento privado para startups, segundo a Reuters. Até o início de abril de 2024, havia sido arrecadados US$ 3,1 bilhões ano período, pelos números da Startup Nation Central (SNC).
“Tivemos companhias em que os cofundadores foram mortos no festival de música, dançando”, lembra ele. “Tivemos pessoas, e estou olhando novamente da perspectiva de um fundador, que perderam famílias, empreendedores. De repente, a metade da companhia não está mais lá por causa de razões horríveis. E você precisa lidar com isso. Porque você tem um negócio, você tem clientes, compromissos, você tem uma companhia que de repente, em um segundo, perdeu a importância diante dos fatos. Digo que evoluímos desde 7 de outubro.”
Fundos privados e governamentais foram direcionados ao setor. “Em Israel aprendemos a ajudar um ao outro de qualquer maneira”, acrescentou Israeli.
Adaptação a novas realidades
A comunidade da Techstars se tornou um centro de suporte para todos os professores da companhia graduados no tema.
A partir de novembro de 2023, foi desenvolvido, em formato híbrido, com aulas em Tel-Aviv e em Londres, um curso sobre Adaptabilidade na adversidade – como reagiu o setor de alta tecnologia. Na primeira semana, o tema foi Processando o choque e permanecendo perto de nossas famílias. Na segunda, a temática abordou o apoio às diferentes comunidades, até o fim do curso, para explorar novas oportunidades.
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E enquanto os empreendedores amadureciam novas ideias e se fortaleciam, recebiam investimentos para manter seus negócios. As novas realidades exigiam ainda mais resiliência por parte deles.
Isso ajudou o setor a reagir à crise que se instalara ainda antes dos ataques. Colaboraram também as rodadas de financiamento e aquisições significativas desde o início da guerra. Capital foi injetado para ajudar a revitalizar empresas importantes, como as que seguem:
-Ilha – recebeu aporte de US$ 323 milhões
-Lendbuzz – recebeu aporte de US$ 300 milhões
-Eleos – recebeu um total de US$ 40 milhões
-Mana – teve investimentos de US$ 20 milhões
-Fase – recebeu aporte de US$ 25 mi
-Cave – recebeu recursos na faixa de US$ 350 milhões (adquirida pela norte-americana Palo Alto, de segurança cibernética)
-Talon – recebeu aporte de US$ 623 milhões (adquirida pela norte-americana Palo Alto, de segurança cibernética)
“Nós entregamos, não importa o que. Esse é o slogan que foi parte do nosso ecossistema em Israel. Então, quando falamos de comunidade, falamos da nossa história de milênios e do futuro com a startups“, completa o diretor da Techstars.
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