Brasil
‘As indústrias que não se atualizam, morrem’, diz líder industrial brasileiro
Em entrevista ao Portal E21, presidente de entidade afirma que o Brasil está defasado em inovação, o que enfraqueceu o setor industrial
Eugenio Goussinsky
A inovação tecnológica, que tem sido fundamental para impulsionar a indústria mundial, não está chegando ao Brasil no ritmo necessário. Para embasar esta opinião, Fernando Valente Pimentel, diretor-superintendente e presidente emérito da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), tem várias explicações. Uma delas é a manutenção de taxas de juros altas, em função dos déficits ficais e primários do Brasil.
Ele ressalta, no entanto, que é urgente um maior empenho do governo na formalização de acordos de cooperação internacional e em políticas que atraiam investimentos ligados à P&D (pesquisa e desenvolvimento).
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“As indústrias que não se atualizam, morrem, simples assim”, afirmou ele ao Portal E21. Ele usou como exemplo o seu próprio setor. “Principalmente a indústria têxtil, porque é intensiva em capital, onde você tem que investir todos os anos. ”
Pimentel afirma que o Brasil precisa ter no mínimo R$ 10 bilhões de investimentos na indústria têxtil por ano.
“O objetivo é levar isso para R$ 15 bilhões, o que daria nos próximos 10 anos investimentos na ordem de R$ 150 bilhões”, ressalta. “Se não fizermos isso vamos perder market share [quota no mercado] para importados aqui dentro e perder na capacidade de conquistar mercados mundiais. A atual inserção do Brasil no mundo não é suficiente.”
O empresário lembra que uma política industrial é necessária, como importante indicador de rota. Mas há aspectos conjunturais. Para ter sustentação, prossegue ele, o setor precisa caminhar “sem dúvida nessa agenda da 4ª Revolução Industrial, da internet das coisas, da digitalização das empresas, da inteligência artificial [IA]”.
Perdas em uma década
Conforme informou a Pesquisa Industrial Anual (PIA) – Empresa, em junho último, pelo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE ), entre 2013 (9 milhões de trabalhadores) e 2022 (8,3 milhões de trabalhadores), as fábricas acumularam uma perda de 745,5 mil empregos no país.
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Houve, é verdade, um avanço de 2,6% entre 2021 e 2022, de 8,1 milhões para 8,3 milhões, mas o atual número não é suficiente para compensar a defasagem na década e está abaixo do patamar registrado em 2013 (9 milhões).
Em pesquisa do mesmo IBGE, com dados combinados com os da consultoria econômica da holandesa Netherlands Bureau for Economic Policy Analysis (CPB), entre maio de 2011 e dezembro de 2023, a produção industrial brasileira teve uma retração de 18%, enquanto a indústria mundial cresceu 29% no mesmo período.
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“Estamos perdendo tempo com as dificuldades de gerar investimentos constantes e permanentes não só no setor têxtil, na indústria como um todo”, acrescenta Pimentel. “Nossa taxa de investimento sobre o Produto Interno Bruto [PIB] é muito baixa 15%, 16%, temos de estar a 20%, 22% no mínimo para a gente crescer de 3% a 4% ao ano de uma maneira sustentada e sustentável.”
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