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Universidade de Jerusalém: o impacto do autismo nos laços familiares

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Crianças e irmãos
Crianças com autismo não são vistas de forma diferente pelos seus irmãos Foto: Reprodução/Pixabay

Estudo apresenta vários aspectos na visão das mães e dos irmãos de crianças autistas

Eugenio Goussinsky

Um novo estudo divulgado pela Universidade Hebraica de Jerusalém revela um ponto de vista diferente entre mães e irmãos de crianças autistas sobre o impacto do autismo nos laços familiares. A Universidade Hebraica de Jerusalém é uma das principais instituições acadêmicas e de pesquisa de Israel, com mais de 23 mil estudantes de 90 países.

A pesquisa fez um comparativo. As respostas dos irmãos típicos mostraram que a visão deles sobre os irmãos autistas é bastante semelhante à de irmãos em famílias chamadas típicas.

A pesquisa também mostrou que, para crianças autistas, crescer com irmãos típicos está associado a melhores habilidades de comunicação social. Para os irmãos típicos, crescer como irmão de uma criança autista desenvolve mais a empatia.

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Para crianças autistas e suas famílias, a relação fraternal é, portanto, um recurso essencial e significativo. Neste sentido, é cada vez mais importante realizar descobertas a respeito da qualidade desse vínculo.

Importância da pesquisa

Os irmãos de autistas demonstraram ter perspectivas e comportamentos comuns das crianças, que afloram no dia a dia: afeto, conflito, rivalidade. Eles não veem os irmãos de forma diferente, pelo fato destes serem autistas.

Já as mães, em relação aos filhos autistas, mostraram no estudo que veem diferenças na relação com seus filhos autistas. Elas relataram que, apesar do afeto, esta é menos calorosa, assim como a proximidade é menor.

Tais descobertas, esmiuçadas na pesquisa, vieram, segundo a Dra. Yonat Rum, da Escola de Educação Seymour Fox da Universidade Hebraica de Jerusalém, para enriquecer o conhecimento sobre o tema.

“Nossa pesquisa lança luz sobre as experiências diferenciadas de irmãos e mães em famílias em que o autismo está presente. Entender essas dinâmicas é crucial para fornecer melhor suporte e recursos a essas famílias”.

Rum, que também é da Universidade de Cambridge, liderou a pesquisa com as professoras Ella Daniel e Esther Dromi, juntamente com a aluna Yael Armony da Universidade de Tel Aviv e o Prof. Ditza A. Zachor, chefe do Centro de Autismo do Centro Médico Shamir (Assaf Harofeh) e da Universidade de Tel Aviv.

Foram entrevistadas 29 crianças, com idade média de 8,78 anos, que têm irmãos mais novos diagnosticados com autismo, junto com suas mães. Este grupo foi comparado a 46 crianças, com média de 9,12 anos de idade, com irmãos mais novos e suas mães.

Utilizando uma abordagem de métodos mistos de coleta e análise de dados quantitativos e qualitativos, os dois grupos preencheram os Questionários de Relacionamento entre Irmãos e participaram de entrevistas, para dar uma visão abrangente da dinâmica familiar.

Os relatos

De acordo com os relatos das crianças, os relacionamentos entre irmãos em ambos os grupos mostraram semelhanças. Não houve diferenças significativas no calor da relação, conflito ou rivalidade entre irmãos, independentemente da presença de autismo.

Isso sugere que, da perspectiva de uma criança, ter um irmão com autismo não altera drasticamente os aspectos fundamentais de seu relacionamento, a não ser pelo lado da empatia.

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Já as perspectivas das mães, no que diz respeito às relações entre os filhos, teve outro enfoque. Mães de crianças com autismo relataram uma ligação menos calorosa e com menor proximidade entre seus filhos autistas e os típicos.

Diferentes perspectivas

A análise qualitativa mostrou diferentes perspectivas entre a opinião das mães e a de seus filhos com autismo. As crianças autistas, quando falam sobre a relação com seus irmãos, tendem a se concentrar em suas experiências do momento. Já as mães consideram os processos mais amplos nos relacionamentos entre os irmãos.

Dentro do grupo de autismo, há também uma preocupação em não estigmatizar a questão. As discussões fazem referência a várias especificidades sem mencionar explicitamente o termo “autismo”.

Este estudo ressalta a compreensão destes efeitos, com diferentes repercussões nos filhos e nas mães, e a necessidade de uma abordagem holística (por inteiro, sob diversos aspectos) no apoio a famílias com crianças autistas, considerando as diversas experiências e perspectivas.

O trabalho também destaca a importância de entender tanto as experiências dos irmãos típicos quanto os desafios únicos percebidos pelas mães, garantindo suporte abrangente para essas famílias.

Impactos do autismo

De acordo com a Universidade Hebraica de Jerusalém, as condições do espectro do autismo afetam uma parcela significativa da população. Estimativas recentes indicam que 1 em cada 36 crianças nos Estados Unidos são diagnosticadas com autismo.

Isso se traduz em milhões de famílias em todo o mundo que enfretam os desafios únicos vindos da criação de uma criança no espectro do autismo. O impacto do autismo envolve toda a unidade familiar.

Apesar dos benefícios que essa questão traz, como no relacionamento social das crianças autistas e dos irmãos, estudos mostraram que pais de crianças autistas frequentemente experimentam níveis mais altos de estresse parental, em comparação com pais com crianças com desenvolvimento típico.

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