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EXCLUSIVO: Presidente do NY Cosmos: ‘Mantemos um legado no futebol’

Equipe que revolucionou o futebol nos Estados Unidos é novamente recriada para competir no profissional e revelar talentos; Erik Stover fala ao Portal E21
Eugenio Goussinsky
Um dos primeiros momentos em que o futebol foi visto como um negócio ocorreu nos anos 1970, nos Estados Unidos (EUA). A criação do NY Cosmos foi o pontapé inicial para transformar o futebol em entretenimento de massa. Para dar suporte à empreitada, estava a Warner Bros., e várias estrelas internacionais, lideradas pela maior de todas, Pelé, fizeram parte daquela constelação histórica.
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A criação do Cosmos foi realizada por Ahmet e Nesuhi Ertegun, irmãos e renomados executivos da Atlantic Records, junto com outros oito executivos. A Warner Communications, por meio do CEO Steve Ross, do presidente Jay Emmett e do chefe do estúdio Warner Bros., Ted Ashley, também entrou no negócio. (Abaixo vídeo música Where the streets have no name, do U2).
Com estrelas como Pelé, Beckenbauer, Carlos Alberto Torres, a equipe foi o primeiro “time galáctico” da história do futebol, como afirma ao Portal E21 Erik Stover, presidente do atual Cosmos.
Também foi um prenúncio da globalização. O nome foi idealizado com base em Cosmopolitans (cosmopolitas), em complemento a Metropolitans, que dava nome a uma equipe de beisebol.
Depois de fechar as portas em 1984 e de uma reinauguração sem sucesso em 2013, o clube está de volta. Mas com um projeto diferente: formar suas próprias estrelas desde as categorias de base, em vez de trazê-las prontas.
O objetivo é fazer dos EUA uma potência no futebol, ainda mais com o impulso da próxima Copa do Mundo, que terá o país como uma das principais sedes. Essa missão dialoga com a ideia do governo de Donald Trump, que já manifestou o desejo de mudar o nome “soccer” para “futebol”. Confira.
Qual foi o principal objetivo ao assumir o projeto do novo Cosmos?
Nosso foco é criar oportunidades para jovens dentro e fora do campo. No futebol masculino, queremos descobrir talentos que possam chegar à primeira divisão. Muitas crianças em áreas urbanas do norte de New Jersey têm potencial para ser profissionais, mas não têm condições financeiras para jogar. No futebol feminino, o desafio é gerar empregos e construir um ambiente profissional sólido. Acreditamos muito no crescimento das ligas NWSL e USL Super League.
Como o passado do Cosmos influencia os planos para o futuro?
O Cosmos original, fundado em 1971 por Clive Toye [contratado pelos investidores da Warner e da Atlantic], foi um clube aberto e cosmopolita, que ajudou a popularizar o futebol nos EUA. Estamos mantendo esse legado, trabalhando na base e com várias comunidades do norte de New Jersey e região metropolitana de Nova York.
Qual é a estrutura atual do clube? Os jogadores são profissionais em tempo integral?
Sim, o Cosmos é hoje uma organização totalmente profissional, com jogadores em regime integral.
Quais são as perspectivas para o Cosmos voltar à elite do futebol americano?
O momento é muito favorável. O estádio Hinchliffe foi recentemente reformado, nos dando uma casa fixa. Com a Copa do Mundo no país e New Jersey no centro dessa celebração, o interesse pelo futebol está em alta. O crescimento da USL e a introdução do sistema de acesso e rebaixamento são uma grande oportunidade para nosso clube e atletas. Estamos prontos para crescer, mas sabemos que o processo levará tempo.
Como você vê o futebol feminino nos EUA e seu desenvolvimento?
O futebol feminino dos EUA sempre foi referência mundial, produzindo as melhores jogadoras por décadas. No entanto, o crescimento das ligas profissionais é essencial para manter essa liderança. Queremos apoiar esse movimento e criar mais oportunidades para as mulheres no esporte.
Por que muitos jogadores da seleção masculina jogam em clubes norte-americanos, e o que isso significa?
Isso indica que ainda não somos uma potência de verdade. Em poucos países, como Inglaterra e Espanha, os jogadores conseguem se desenvolver plenamente no próprio país. Para competir no mais alto nível, nossos jogadores precisam buscar desafios em ligas mais competitivas no exterior.
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Quais são os principais desafios para o desenvolvimento do futebol masculino nos EUA?
Há vários fatores, desde a estrutura das categorias de base até a cultura esportiva que privilegia outros esportes. Estamos focados em criar um ambiente que dê reais oportunidades a jovens talentos, especialmente em comunidades urbanas onde o futebol ainda não tem espaço.
O que o motivou a se tornar um empreendedor esportivo e como você vê o mercado do futebol nos EUA em comparação com outras modalidades?
O futebol nos EUA tem um enorme potencial de crescimento. O mercado é promissor e o desenvolvimento de jogadores é a chave. Com o crescimento da USL e o mercado internacional de transferências, surgirão novas oportunidades para clubes e atletas.
Como o Cosmos pretende preservar e celebrar o legado de Pelé?
Estamos criando um museu no Hinchliffe Stadium para contar a história do clube e a contribuição histórica de Pelé para o futebol nos EUA. Ele foi fundamental para popularizar o esporte e abrir portas num cenário dominado por outras modalidades. O museu será um espaço de memória e inspiração para futuras gerações. (Abaixo: música Sweet dreams, Eurythimics).
O que representa para o Cosmos a próxima Copa do Mundo nos EUA?
É uma chance única de aproveitar a visibilidade global para impulsionar o futebol no país e atrair novos torcedores. Para nós, é uma oportunidade histórica de crescimento e fortalecimento do projeto.
Como você vê a introdução do sistema de acesso e rebaixamento na USL?
É um passo fundamental para elevar o nível competitivo do futebol nos EUA. Dá aos clubes e jogadores a possibilidade de sonhar mais alto e alcançar novos patamares. Isso traz mais emoção para os torcedores e maior profissionalismo para o esporte.
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O que o Cosmos espera alcançar nos próximos cinco anos?
Queremos ser reconhecidos como um clube de formação de talentos, competitivo nos campeonatos nacionais e internacionalmente respeitado. Nosso objetivo é também fortalecer a comunidade local, usando o futebol como ferramenta de desenvolvimento.
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