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‘Acredito no futuro de Israel’, diz ex-assessora de Shimon Peres

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Israel bandeira
Desespero e desencanto são os últimos sentimentos que devem prevalecer | Foto: Reprodução/Unplash

Mesmo em tempos de ameaças e divisões, Revital Poleg, mantém uma expectativa positiva em relação ao país nas próximas décadas

Por Eugenio Goussinsky

Nunca, na história de Israel, um primeiro-ministro foi tão contestado internamente quanto Benjamin Netanyahu. Somando todos os mandatos, dois deles intercalados, ele é o que mais ficou no cargo: 18 anos, até outubro de 2025.

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Ao mesmo tempo em que, durante o mandato, é criticado por sua ligação com a extrema-direita, acusado de negligência em relação aos ataques de 7 de outubro e suspeito de corrupção, foi com ele que Israel encarou pela primeira vez o perigo iraniano e, pelo menos por um tempo, o afastou de maneira eficiente. (Abaixo, link de One, do U2)

Na gestão dele, foram estabelecidos tratados de paz, nos Acordos de Abraão, com Emirados Árabes e Bahrein, em 2020, quando também estabeleceu relações diplomáticas com Sudão (outrora núcleo de preparação de terroristas) e com Marrocos.

Porém, Israel, com a insistência em prolongar a guerra, isolou-se diplomaticamente, com riscos de romper com todo o mundo árabe. Além disso, a recusa em negociar um Estado Palestino aumenta a chance de o país estar cada vez mais cercado de inimigos, gerando riscos à economia e à segurança.

Mesmo em meio a todas essas ameaças, a assessora do ex-primeiro-ministro Shimon Peres, Revital Poleg, mantém esperança em relação à vida em Israel nas próximas décadas. Ela também atuou como chefe de gabinete e assessora para assuntos internacionais do presidente do Knesset (Parlamento), Avraham Burg, entre 1999 e 2003. 

“Talvez você se surpreenda, mas sou otimista, muito otimista, na verdade”, afirma Revital ao Portal E21. “Quando olho para frente, simplesmente sei que vamos seguir adiante e encontrar um caminho digno e saudável para viver em paz, entre nós mesmos e com nossos vizinhos. Acredito no futuro de Israel.”

Segundo ela, Peres sempre teve uma visão muito lúcida e realista. Diz que ele compreendia profundamente a complexidade da sociedade israelense, o que, para ele, era parte de sua beleza e riqueza.

“Trata-se de uma sociedade marcada por diversidade, pluralidade de identidades e uma ampla gama de matizes políticos, com posições que vão das mais moderadas às mais radicais.”

Revital lembra que Peres costumava dizer que, quando os problemas de segurança de Israel diminuíssem, por exemplo, em decorrência de acordos de paz ou relações normalizadas com nossos vizinhos, as diferenças internas dentro da sociedade israelense tenderiam a se acentuar.

“Isso porque, em tempos de ameaça externa, o povo de Israel geralmente se une, demonstra solidariedade e senso profundo de responsabilidade coletiva, como vimos novamente depois do 7 de outubro.”

Neste ano marcado por uma das conjunturas mais complexas que Israel já enfrentou, lembra Revital, o desespero e o desencanto são os últimos sentimentos que devem prevalecer.

“Apesar de tudo eu acredito em nós”, ressalta a ex-assessora. “Acredito neste povo e na nossa força interior, nas nossas capacidades e talentos, que são relevantes não apenas para Israel, mas também para o mundo e para a comunidade global. Acredito na nossa resiliência e na solidariedade natural que temos — e que nos permite enfrentar e superar os maiores desafios existenciais.” (Abaixo, link de Lu Yehi, de Naomi Shemer).

Nada melhor do que a canção que simboliza a Israel moderna para ilustrar essa convicção.

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“O hino nacional de Israel se chama ‘Hatikvá’, que significa A Esperança. Nele cantamos: ‘A esperança de dois mil anos’. Um povo que escolheu esse verso como símbolo da sua identidade não pode se dar ao luxo de ser pessimista.”

Anseios em Israel

Além do viés político, Revital ressalta que, se forem observadas as pesquisas recentes sobre as prioridades da população:

“Neste sentido, é possível ver com clareza que a maioria apoia valores fundamentais”, ressalta Revital. “A liberação imediata de todos os corpos dos reféns, a manutenção do fim da guerra, o estabelecimento de uma comissão nacional de inquérito para reconhecer nossos erros e corrigi-los, e a igualdade no serviço militar como parte de uma visão mais ampla de justiça cívica.”

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Tais anseios, prossegue ela, transcendem posições políticas, classes sociais e setores demográficos e contam com o apoio consistente de cerca de 70% da população.

“Um povo que pensa assim é, por natureza, um povo esperançoso. E eu sou parte dele. Cabe a nós transformar essa esperança em ação.”

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