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Foi-se o tempo de Botafogo?

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Neymar Santos

No início da temporada do futebol brasileiro três fatores se destacam: a volta de Neymar, o fim da polarização e a incógnita em torno do clube carioca, o maior campeão do ano passado.

Eugenio Goussinsky

A temporada de 2025 no futebol brasileiro marca a volta de grandes craques ao país e uma reconfiguração de forças entre os clubes. Uma certa polarização, que antes definia o cenário, começa a perder força. Clubes ampliaram seus poderes financeiros e apostaram em novos nomes, muitos deles retornando ao Brasil.

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O maior destaque, claro, é Neymar, que volta ao Santos após anos no exterior. Mas outros também causam alvoroço. A maior incógnita é o Botafogo. Depois de uma temporada brilhante, o Glorioso tem mais parecido um clube de aluguel (graças à postura estranha de seu proprietário) do que um dos mais tradicionais da história do futebol mundial.

Ao contrário do que vinha ocorrendo desde 2019, Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG já não carregam sozinhos o favoritismo. Eles o dividem com uma legião de clubes que se organizaram financeiramente ou improvisaram elencos de porte, desafiando as dificuldades financeiras, como o Corinthians.

Além de Neymar, o Santos fez algumas movimentações no mercado, como a contratação de Tiquinho Soares, que chega como parte da negociação com o Botafogo. Barreal e Zé Rafael também são ótimos reforços. A equipe, mesmo depois de vir da Série B, tem tudo para adquirir fôlego e brigar por objetivos grandes já em 2025.

O São Paulo é outra força. Trouxe um grande reforço, com a repatriação de Oscar, depois de 13 anos fora. O meia de 33 anos chega para fortalecer o meio-campo do time e buscar a Libertadores.

Também foram contratados outros jogadores como Enzo Díaz e Cédric Soares. Dirigido pelo inteligente e astuto Zubeldia, o Tricolor entra também com ambições maiores.

Mesmo em crise política e financeira, o Corinthians começou o ano com boas expectativas após uma excelente reta final no Brasileiro. A contratação de Memphis Depay, consagrado na Europa, e de Carrillo, entre outros, elevaram demais o patamar do elenco. Com a força da torcida, é um dos favoritos a algum título.

Grêmio, Inter, Cruzeiro e Atlético-MG estão no páreo. O Grêmio, mesmo instável em 2024, tem um bom elenco. Agora comandado pelo técnico Quinteros, já tem demonstrado qualidade. Perdeu para o Juventude, um time que vem dando trabalho nos últimos anos. Mas o Grêmio tem jogadores como Villasanti e Cuellar, que, com entrosamento, deverão dar ritmo ao time.

O Cruzeiro, apesar de ter demitido Fernando Diniz, é mais um que chega forte. Foi um dos clubes mais ativos no mercado, com grandes reforços como Gabigol, Dudu e Fabrício Bruno. A chegada desses jogadores vai alavancar o time para disputar títulos.

Em poucos dias, o Atlético-MG reverteu expectativas. Os obstáculos pareciam insuperáveis no ano. Então chegou o técnico Cuca. E mostrou como o lado psicológico afeta o ânimo e o ambiente em um clube. Mesmo perdendo jogadores como Paulinho e Vargas, boas perspectivas surgiram.  Junto com jogadores como Cuello, Natanael, Gabriel Menino e, principalmente Júnior Santos, seu algoz no ano passado na final da Libertadores.

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Com Roger Machado em alta, o Inter-RS também entra na temporada otimista. Seu elenco forte, com nomes como Rochet, Bernabei, Thiago Maia e Borré tende a ficar ainda mais competitivo com a chegada de nomes como o lateral-esquerdo Ramon, o zagueiro Kaique Rocha e o atacante Carbonero.  Mesmo com um prejuízo de R$ 90 milhões em 2024, por causa das enchentes no Estado, o clube se mantém na busca do topo.

Botafogo, grande incógnita

Algo estranho se passa no Botafogo. Em nenhuma edição anterior do Brasileiro houve uma demora tão grande na definição do treinador do clube campeão. Arthur Jorge deixou o cargo de forma até hostil, com certa indiferença.

Além do cansaço, o fato de muitos jogadores já saberem que ele estava de saída para o Catar afetou o desempenho do time no Mundial. Desde então, a instabilidade paira em meio à crença de que há organização.

A vitória sobre o Fluminense, por 2 a 1, pelo Carioca, foi um sinal de que há qualidade no time. Rafael Lobato, no primeiro gol, fez uma jogada similar à de Luiz Henrique, recebendo na direita lançamento de Savarino nas costas.

Mas, no jogo seguinte, na disputa da Supercopa do Brasil, em Belém (PA), a derrota acachapante, por 3 a 0, para o Flamengo, um dos maiores candidatos a títulos com o técnico Felipe Luis, foi até certo ponto assustadora.

O craque do time, Luiz Henrique, também saiu, para um mercado muito menos competitivo, da Rússia, onde irá defender o Zenit. Colocou até a chance de defender a seleção em risco.

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Mesmo com a chegada de jogadores como Artur e Wendell, e reforços como Jeffinho e Kauan Lindes, o Botafogo, por incrível que pareça, se vê em um momento turbulento. Disfarçado de uma certa calmaria. Uma passividade confiante. Uma contradição que se disfarça de planejamento.

No ano passado, a frase mais famosa foi “É tempo de Botafogo”. Neste início de 2025, o clube volta a ficar cercado de interrogações.

Será que a equipe de scout será suficiente para manter o time estável? Pode ser. O time vai brigar pelo título ou até lutar contra rebaixamento? Será que o clube se tornou apenas um realizador de lucros? E, por fim, como há coisas que só acontecem com o Botafogo, fica a pergunta. Foi-se o tempo de Botafogo?

 

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