Ciência e Tecnologia
Startups israelenses transformam guerra em inovação

Empresas foram decisivas nos ataques ao Irã, com soluções tecnológicas de ponta
Eugenio Goussinsky, especialista em Tecnologia
Em abril de 2024, quando mais de 300 drones e mísseis iranianos foram lançados contra Israel, a resposta do país envolveu não apenas forças convencionais e sistemas de defesa consagrados como o Iron Dome, mas também dezenas de startups que saíram do papel direto para o campo de batalha.
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Com soluções baseadas em inteligência artificial, sensores ópticos, drones táticos e softwares de rastreamento, essas empresas passaram a integrar a estrutura de segurança nacional.
Serviram, assim, à maior de todas as startups, conforme afirma ao Portal E21 o oficial da reserva, Álvaro Kilinski, que combateu no Líbano em 1982.
“A maior startup desta guerra foi o Mossad [agência de inteligência] operando drones em território iraniano com precisão absurda, informações precisas e apoio de milicias locais de oposição ao governo, será algo que vai ser estudado por décadas.”
Segundo a Reuters, cerca de um terço das startups israelenses voltadas à defesa surgiu depois dos ataques do Hamas em outubro de 2023. E 20% dos reservistas atuam em alguma startup.
O Ministério da Defesa (DDR&D) quintuplicou o financiamento ao setor, com 168 milhões de dólares destinados a empresas de base tecnológica entre outubro de 2023 e julho de 2024. Mais de 300 startups participaram do esforço de guerra, conforme revelou o Calcalist, com pelo menos 35 atuando com IA e 18 com cibersegurança.
“Embora o conflito contínuo entre Israel e Irã represente um verdadeiro desafio existencial, ele também está acelerando uma transformação profunda na forma como o Estado de Israel percebe a inovação, do mercado civil ao de defesa”, disse Moran Chamsi, sócio-diretor da Amplefields Investments, ao CTech.
Nestes momentos de angústia e pressão, prossegue ele, uma uma nova indústria está surgindo: a “Resilience Tech”. Este campo conecta a inovação civil e de defesa à resiliência nacional e ao crescimento econômico. A urgência, com isso, traz resultados em longo prazo e acelera o desenvolvimento do setor.
No campo da neutralização de drones, um dos grandes protagonistas do ataque iraniano, startups como a SkyHoop e a Thirdeye Systems desempenharam papel fundamental. A SkyHoop criou um sistema vestível que detecta a aproximação de drones hostis e emite alerta sonoro e visual aos soldados. A Thirdeye Systems forneceu sensores ópticos de rastreamento e identificação de alvos aéreos de baixa altitude.
Entre os equipamentos utilizados em missões reais está o Rooster, microdrone desenvolvido pela Robotican, capaz de operar em espaços confinados como prédios e túneis, e já amplamente usado em Gaza. O Xtender, da Xtend, é outro drone de alta eficiência: controlado por realidade aumentada, foi projetado para perseguir e eliminar alvos móveis em tempo real, com precisão cirúrgica. Ambos já são parte da doutrina tática de unidades de elite israelenses.
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A startup Odysight.ai, especializada em visão computacional, implantou sensores em veículos militares para leitura de padrões suspeitos em comboios. Esses dados alimentaram alertas antecipados de possível movimentação iraniana em solo sírio. Já a Convex, voltada à proteção de infraestruturas, ajudou a criar bloqueios rápidos para túneis e passagens subterrâneas.
Startups e soluções exportadas
A guerra também foi digital. O grupo hacktivista Predatory Sparrow, associado a interesses de segurança israelenses, atacou bancos e sistemas críticos iranianos. Em abril, apagou o equivalente a 90 milhões de dólares da corretora de criptomoedas Nobitex, minando uma das fontes alternativas de financiamento do regime iraniano.
No total, estima-se que até 50% da tecnologia antidrone empregada por Israel nesse conflito tenha vindo de startups, conforme destacou o Times of Israel. A rapidez com que essas empresas adaptaram soluções civis para uso militar chamou atenção de países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e de aliados no Golfo.
Mesmo sob ameaça direta, muitas dessas companhias mantiveram suas operações. O prédio da startup Sentra, em Tel Aviv, foi atingido por fragmentos de mísseis iranianos. Ainda assim, a equipe manteve parte da operação ativa e continuou atendendo clientes internacionais, de acordo com o Wall Street Journal.
O crescimento acelerado desse ecossistema chamou atenção de fundos internacionais. A Protego Ventures captou US$ 100 milhões em um fundo dedicado exclusivamente a tecnologias emergentes de defesa.
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Paralelamente, a exportação de soluções militares israelenses ultrapassou US$ 14,8 bilhões em 2024, boa parte impulsionada por tecnologias nascidas diretamente da necessidade imposta pela guerra.
Drones autônomos, sensores táticos, sistemas vestíveis, firewalls ofensivos e análise preditiva de comportamento se tornaram parte da defesa nacional israelense. Com isso, startups que até poucos meses eram promessas, hoje já são parte do arsenal real.
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