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Iranianos em Israel sofreram com mísseis do país onde nasceram

Eles são em cerca de 300 mil, boa parte vinda por causa da Revolução Islâmica de 1979
Eugenio Goussinsky
No início da madrugada de 16 de junho de 2025, mísseis iranianos atingiram Tel Aviv e outras cidades centrais de Israel, em retaliação a ofensivas israelenses contra alvos no Irã. Civis correram para abrigos enquanto as sirenes soavam por todos os cantos.
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Para muitos judeus de origem persa, a agressão tinha mais um significado: vinha do país onde eles ou seus pais nasceram. (No vídeo abaixo, a cantora Rita, israelense de origem persa, interpreta um dos seus sucessos.)
Muitas destas pessoas fugiram do Irã depois de 1979, ano da Revolução Islâmica. Agora eles e as gerações logo em seguida veem o Irã atacar o país que os acolheu. Uma ferida dupla no coração de uma comunidade dividida entre a nacionalidade e o pertencimento.
A comunidade de judeus de origem iraniana em Israel soma cerca de 300 mil pessoas. Sua presença é visível em locais como Jerusalém, Netanya e Tel Aviv, onde mantêm lojas, falam farsi e celebram festivais persas Só na época da revolução, entre 20 mil e 100 mil judeus deixaram o Irã.
Filho de iraniano, o empresário Cláudio Sar Israel, brasileiro, hoje vive em Israel. O pai dele, o iraniano Nissim Sar Israel, é um dos que deixaram o Irã bem antes de 1979, para vir morar no Brasil.
Cláudio tem contato com os parentes de seu pai, iranianos que também foram morar no país judaico antes da revolução. Ele admite que é difícil lidar com o fato de os mísseis e as ameaças iranianas serem direcionados aos seus conterrâneos em Israel.
“É muito triste, mas sabemos que não é o povo iraniano quem está atacando Israel e sim um governo autoritário composto por fanáticos religiosos”, afirma ao Portal E21.
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Os judeus iranianos estão completamente inseridos na sociedade israelense. Muitos deles, porém, preservam traços da cultura persa: vocabulário farsi, nomes de família típicos (como Davidzadeh, Shirazi) e tradições culinárias e cerimoniais. No entanto, Sar Israel ressalta a capacidade de integração desta comunidade, que se sente completamente em casa.
“Os judeus iranianos em Israel ocupam lugares no mercado de trabalho e desempenham funções importantes como empreendedores também”, afirma o empresário. “Participam do exército, tem alguns que são mais próximos da religião e são muito hospitaleiros.”
Sar Israel considera que a religião e os costumes judaicos foram um fator determinante para que os judeus nascidos no Irã se sentissem israelenses.
“Por sermos iranianos judeus ou filhos, fica um pouco mais fácil de se adaptar às regras e costumes do Estado de Israel”, ressalta ele.
“A cultura permanece enraizada, no tocante às comidas típicas e laços familiares, porém a adaptação à vida em Israel se torna bem tranquila por se tratar de um só povo.”
A diversidade, em relação à nacionalidade, tem sido uma das marcas de Israel.
“Temos muitos russos, ucranianos, poloneses, iemenitas, etíopes, turcos, sul-americanos, persas, entre as várias nacionalidades no país”, observa o empresário brasileiro.
“A mistura de nacionalidades que formam a população do Estado de Israel é enorme, mas apesar das diferenças culturais o povo é coligado através de uma corrente elaborada por elos de uma mesma crença e isso viabiliza de forma ímpar o convívio entre todos.”
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