Esportes
Seleção brasileira voltou a ser a pátria de chuteiras
O futebol, mais precisamente, a seleção brasileira, é o principal indicativo que aponta o grau de envolvimento da população com o País
– Por Eugenio Goussinsky
O Brasil é um país em que a população, muito em função de sua história e de sua diversidade, tem muita dificuldade em encontrar sua identidade. Quando isso acontece, uma espécie de êxtase se revela e, no semblante dos jovens, adultos e idosos, irradia um orgulho luminoso. O psicanalista Carl Jung (1875-1961) chamaria isso de inconsciente coletivo.
No Brasil, o inconsciente coletivo tem se manifestado por ondas populares. E o futebol, mais precisamente, a seleção brasileira, é o principal indicativo que aponta o grau de envolvimento da população com o País, a cada quatro anos. Muitas vezes, o inconsciente coletivo é maniqueísta e, dependendo da situação, isso pode ser benéfico ou prejudicial.
Na Copa do Mundo de 2014, por exemplo, o maniqueísmo pendeu para o lado negativo. O discurso de que nada prestava no País, de que a seleção era composta por mercenários, de que a Copa do Mundo foi uma escolha motivada pela corrupção, varreu tudo de bom que poderia haver.
Não só aproveitamos pouco aquele momento histórico (mais uma Copa no Brasil!) mas também vimos a seleção desmoronar nessa crise de identidade, abalada pela pressão, o que contribuiu e muito para o 7 a 1. Basta ver o comportamento dos jogadores em campo naquele dia. Eles também fazem parte deste inconsciente coletivo.
Na Copa do Mundo seguinte, o clima negativo também predominou. Foi a Copa em que Neymar foi rotulado de cai-cai. E até quando ele ia ao chão por causa de entradas desleais, o destaque maior era para suas quedas do que para a violência e deslealdade do adversário. O maniqueísmo também se mostrou com força.
Agora, em 2022, após as eleições, quando toda aquela polarização começa a dar espaço para novas situações, já que a história e a realidade caminham para frente, o fiel da balança maniqueísta parece ter pendido para um lado positivo.
Nesse ciclo bipolar da identidade brasileira, a seleção agora parece estar mais em alta. Um bom sinal do mais saudável patriotismo. Isso pôde ser constatado, na reação maniqueísta que se teve contra as declarações do ex-jogador do Manchester United, Roy Keane, criticando a dança dos jogadores brasileiros após os gols marcados contra a Coréia do Sul.
A declaração foi banal e nem tinha um teor ofensivo. Mas a revolta de grande parte dos brasileiros está ligada a uma questão muito mais profunda. Ela mexeu com a tal identidade do País, muito vinculada à alegria, à dança, ao drible.
Mesmo um tanto maniqueísta, a indignação está sendo um sinal de que a febre da baixa autoestima brasileira está passando. O termômetro que mostra isso é a volta da devoção pela seleção brasileira. Quem disse que ela não é a pátria de chuteiras?
-
Brasil2 anos atrás
João Carlos Martins: “A cultura sobrevive a qualquer ideologia”
-
Perfis2 anos atrás
Wanderley Nogueira: “Só trabalhei com craque na Jovem Pan”
-
Esportes1 ano atrás
“O futebol saudita vai melhorar com craques como Neymar”, diz ex-técnico Candinho
-
Ciência e Tecnologia6 meses atrás
EXCLUSIVO: Weizmann: cientista conta como descoberta de supernova contribui para estudos sobre o universo
-
Ciência e Tecnologia3 meses atrás
Startup Maisense fornecerá a Israel inédito sistema de defesa contra drones e UAVs
-
Ciência e Tecnologia5 meses atrás
Weizmann: fungo encontrado no intestino humano pode evitar grave doença
-
Colunistas2 anos atrás
Judeus e negros precisam estar unidos na luta contra o racismo
-
Ciência e Tecnologia8 meses atrás
‘Maior lago de todos os tempos’, revela detalhes sobre a vida na Terra