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Carlo Ancelotti: o remédio certo para o futebol brasileiro

Por Eugenio Goussinsky
Carlo Ancelotti é o técnico mais vitorioso em atividade. Também é, por todos os critérios, o mais respeitado. Mas só depois de acertar com a Seleção Brasileira o país passou a enxergá-lo com mais clareza.
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Funciona assim com quase tudo. Só compreendemos por inteiro aquilo que passa a nos pertencer. Quando o futebol mais eficiente do planeta, o europeu, cruza com o mais confuso entre os grandes, o brasileiro, a teoria vira prática. E as palavras ganham vida.
O italiano Ancelotti foi contratado e, em poucos dias, mostrou o que ouvimos há anos. Filho de agricultores, habituado ao esforço desde cedo, trocou as plantações pelos gramados. Virou craque. Depois, virou mestre. E não por acaso sua autobiografia se chama Prefiro a Coppa. Uma ode à vitória.
Fez do futebol um estilo de vida. Plantou trabalho, semeou talento, colheu títulos. Com um currículo que inclui Milan, Chelsea, Real Madrid, PSG, Bayern de Munique e Everton, tornou-se um símbolo do técnico que combina cérebro e coração. E que agora carrega cinco Champions League. Número jamais atingido por nenhum outro técnico.
Com essa bagagem, vai aterrissar no Brasil. Já se tornou, de imediato, uma espécie de escudo moral da Seleção. Apareceu a pré-lista. Vieram os palpites de sempre. Um deles ironizou: “Agora ele vai ver o que é bom pra tosse”. Não vai. Já não está vendo.
Ele não se importou em assumir a camisa mais importante do futebol mundial no meio de um furacão. Está ciente da chance de cair na primeira fase da Copa. Ou de nem se classificar, num destes golpes do acaso. Preferiu acreditar no seu trajeto até o êxito. Típico de quem empreende e vence.
Se Ednaldo Rodrigues saiu cercado por críticas merecidas, ao menos deixou uma decisão difícil de contestar: trouxe o melhor no momento.
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Ancelotti é a antítese do tumulto. Sua elegância é silenciosa. Seu jeito de liderar, envolvente. Tem a leveza de quem sabe o que faz. E a firmeza de quem não se curva.
Trará com ele valores que escassearam por aqui: seriedade, ética, compromisso com o mérito. Em um ambiente onde o improviso virou método, qualquer dose de civilização soa revolucionária.
Críticas rasteiras não o atingem. Nem o barulho de bastidores. Sabia onde estava entrando. E aceitou. Com risco e tudo. Preferiu a chance à zona de conforto. Porque é assim que age quem chegou até onde poucos chegaram.
Quando o presidente que o contratou foi afastado, o enredo gritou por um recuo. Qualquer técnico sairia em meio à confusão. Novo presidente, desconhecido. Influência de ministro, alarido. Ele ficou. Quem tem palavra, não recua.
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Antes mesmo da apresentação oficial, já era claro quem é Carlo Ancelotti. Um profissional de outro padrão. De outra escala. Alguém que não veio passear. Veio trabalhar.
Sua simples presença já começou a mudar o ambiente. Vai ser complicado empresário empurrar jogador. O jeitinho vai recuar. O campo vai falar mais alto. Ancelotti, ali, será mais que técnico. Será a autoridade moral da CBF.
Antes de dizer qualquer palavra, Ancelotti já se apresentou. O que virá depois, ninguém sabe. Mas o que ele representa, isso já está claro. Já é uma vitória. E basta olhar nos olhos dele para ver: Ancelotti não tem medo do desafio.
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