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Título do PSG teve o DNA de Neymar

Por Eugenio Goussinsky
Eu sempre disse que, apesar do rótulo, a Ligue 1 é taticamente exigente e apresenta um futebol muito físico, com equipes compactas e organizadas. Trata-se da liga que mais revela jogadores na Europa.
O título do PSG da Champions League 2024-2025, neste sábado, 31, veio para provar definitivamente o que o próprio Neymar, magoado, negou ao sair do clube: o futebol francês é muito competitivo, comparável sim ao das outras grandes competições nacionais no continente.
Neymar, aliás, foi fundamental para a mudança de patamar do clube. A chegada dele, em 2017, foi o momento em que o genial Nasser Al-Khelaifi, presidente do Paris Saint-Germain (PSG) e CEO da Qatar Sports Investments (QSI) desde 2011, deu sua maior cartada para transformar a entidade em potência global.
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O catari Khelaifi tem atuado com a sabedoria de mesclar modernidade e cautela, ousadia e equilíbrio, sempre alheio às pressões insanas da torcida e da mídia, que não percebiam que um projeto se faz por etapas. A “etapa” Neymar foi determinante.
Em 2011, quando a QSI assumiu 70% do clube, a estimativa de receita anual era entre 80 milhões de euros e 100 milhões de euros.
Em 2016, o clube já era valioso graças ao investimento do Qatar, mas sua avaliação girava em torno de 1,2 bilhão a 1,5 bilhão de euros, segundo a Forbes. Ao contratar Neymar, pelo mais alto valor da história (222 milhões de euros), os números do PSG cresceram exponencialmente.
O clube passou a valer o dobro, entre 2,5 bilhões e 3 bilhões de euros. As receitas saltaram de cerca de 350 milhões na temporada 2015-2016, incluindo direitos de TV, bilheteria, patrocínios, para 540 milhões na temporada 2017-2018, a primeira de Neymar.
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Na temporada 2023-2024, o clube registrou uma receita total de 806 milhões de euros, consolidando-se como um dos clubes mais lucrativos da Europa. Toda essa estrutura foi impulsionada no período de Neymar, seguido pelas vindas de Mbappé e de Messi.
Em campo, Neymar foi peça fundamental para o PSG conquistar quatro títulos consecutivos da Ligue 1 (2017-2018 a 2020-2021). E foi determinante para levar o clube à sua primeira final da Champions League em 2020.
Khelaifi, neste período, teve a capacidade de lidar com as pressões em torno das polêmicas envolvendo Neymar. Por anos, blindou e bancou o jogador, ciente dos benefícios que o clube teria. O momento da saída, em agosto de 2023, foi o marco de uma nova etapa: mais direcionada à juventude e disciplina tática.
A decisão também foi motivada por lesões recorrentes de Neymar e desgaste com parte da torcida. Nem por isso, sua passagem pode ser considerada um fracasso. E nem rotulada como um grande erro. Os estereótipos são mais cômodos, mas não fazem bem ao futebol.
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Khelaifi esperou 14 anos pelo sonhado título. Enquanto isso, o clube foi se valorizando, crescendo, se tornando uma potência, o que é o mais importante. Na final, contra a Inter de Milão, muitos jovens, em campo, jogaram um futebol inspirado em Neymar.
Doué, vindo do Rennes, já admitiu que sempre foi fã do jogador. E toda a carreira de Dembélé foi inspirada no brasileiro. Foi para o Barcelona para substituí-lo. E chegou ao PSG pelo mesmo motivo.
Em campo, fez jogadas similares às do craque do Brasil, como a roladinha para trás que originou o terceiro gol, de Doué, na goleada de 5 a 0. Tudo ao estilo de Neymar. De alguma maneira, ele estava presente nesta vitória, com o seu DNA. Nas cifras e nos gols. Não concorda? Pergunte para o Khelaifi.
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