Colunistas
O futuro do futebol
Eugenio Goussinsky
Pelé foi único, um verdadeiro desbravador que abriu caminhos para que outros explorassem o potencial do futebol. Ele concentrou as maiores inovações do esporte, tanto em aspectos técnicos quanto físicos. Seus dribles tornaram-se referência. Seu estilo de jogo foi estudado em uma época em que a tecnologia aplicada ao futebol ainda engatinhava.
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Décadas depois, surgiram jogadores que seguiram essa mesma base intuitiva, em que o talento florescia naturalmente em campo. Maradona, Cruyff e Romário estão entre eles.
O último dessa linha foi Ronaldo Fenômeno, que brilhou em um período no qual o avanço da ciência e da tecnologia acelerava o ritmo. E quando a globalização no esporte se iniciava.
A abertura dos mercados mundiais levou o intercâmbio entre jogadores a níveis jamais vistos. Com a Lei Bosman e o fortalecimento da União Europeia, atletas puderam atuar por clubes estrangeiros sem as antigas barreiras do “passe” ou limitações relacionadas à nacionalidade.
Esse novo cenário trouxe desafios ao futebol brasileiro. O país continuou sendo o maior exportador de talentos, mas perdeu competitividade no cenário internacional.
A expertise brasileira, antes concentrada, passou a ser compartilhada com diversas regiões, diluindo sua vantagem histórica.
Um estudo realizado por Moussa Ezzeddine, PhD em Economia e Finanças do Futebol pela Universidade de Barcelona, explora essa dinâmica. Ele aponta que, com a globalização, o valor financeiro dos jogadores passou a ser determinado por dados objetivos, como estatísticas de desempenho, experiência e posição em campo.
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Nesse contexto, o “segredo brasileiro” na formação de jogadores foi difundido. Passou a ser comum ver europeus exibindo uma criatividade que, até os anos 2000, não prevalecia no futebol do continente.
Craques como Iniesta, De Bruyne e Harry Kane exemplificam essa evolução: jogadores que aliam a agilidade e a técnica características do futebol brasileiro a uma visão de jogo refinada pela escola europeia.
Além disso, atletas de mercados antes pouco relevantes, como Bósnia, Ucrânia, Eslovênia, Equador, Peru e México, ganharam técnica e valor no mercado global.
Uma nova era para o futebol
Este, no entanto, parece ser apenas o início de um novo capítulo. Nos anos 2020, estamos entrando em uma fase de grande transformação no futebol, marcada pela descoberta de talentos em escala global. Novos “Messis”, “Cristianos Ronaldos” e até “Pelés” surgirão em quantidades inéditas.
Essa evolução tem uma explicação simples: a tecnologia ao alcance de todos. Basta abrir o Instagram para encontrar uma infinidade de vídeos explicativos, detalhando dribles e movimentos que antes eram considerados mágicos.
Sequências de viradas, dribles de corpo, fintas e ginga programada são ensinadas de forma clara e acessível a crianças e adolescentes. O que antes era privilégio de profissionais agora está massificado, graças às redes sociais e à inteligência artificial.
Na era anterior, o compartilhamento de informações era restrito a preparadores, técnicos e clubes, por meio de canais especializados. Hoje, o conhecimento está democratizado.
O segredo do futebol não está mais nas mãos exclusivas de scouts e analistas, mas circula livremente em vídeos curtos e didáticos.
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A tendência é clara: o nível técnico do jogo atingirá patamares altíssimos. Raciocínio rápido, precisão e plasticidade definirão os atletas do futuro.
Jogadas inacreditáveis, antes restritas a gênios do esporte, ficarão cada vez mais comuns nos gramados.
O futebol, além de ser o “Esporte das Multidões”, está prestes a se consolidar como uma inesgotável fábrica de craques.
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